A obesidade e o diabetes tipo 2 estão diretamente associados com a prevalência e o mau prognóstico de muitos tipos de câncer em homens e mulheres. De acordo com o CDC americano (Centers for Disease Control and Prevention), 40% dos novos diagnósticos de câncer estão associados com sobrepeso ou obesidade. Assim, a epidemia de obesidade tem implicações preocupantes para a epidemiologia do câncer.

Outro fator de alerta está no fato da obesidade estar em ascensão em todo o mundo, e sua relação com o câncer colorretal já ter sido apontada por diversos estudos. No entanto, ainda há dúvidas especialmente quanto ao mecanismo responsável por essa ligação.

Diante destas questões, pesquisadores da Universidade de Yale, em Connecticut, nos Estados Unidos, promoveram o estudo Uncoupling Hepatic Oxidative Phosphorylation Reduces Tumor Growth in Two Murine Models of Colon Cancer. O objetivo era descobrir como a obesidade leva ao crescimento destes tumores, revelando estratégias potenciais para combater a doença.

Diabetes, insulina e câncer

Estudos anteriores já haviam verificados que o tratamento com medicamentos como metformina ou fenformina retarda o crescimento de adenocarcinomas. Há evidências clínicas claras de que mesmo a dose baixa de metformina oral reduz a formação de pólipos no cólon.

Liderada pela professora assistente Dra. Rachel Perry, a equipe de pesquisa estudou camundongos com tumores implantados ou modelos genéticos de câncer colorretal e iniciaram acompanhando os efeitos de uma dieta rica em gordura. Foi possível observar, nesta etapa, que os altos níveis de insulina resultantes da obesidade aceleraram o avanço do câncer colorretal.

No estudo, embora a obesidade induzida por dieta tenha promovido o crescimento tumoral em dois modelos de câncer colorretal, também revelou que o efeito é revertido, levando à redução do crescimento do tumor quando a insulina circulante em ratos alimentados com elevado teor de gordura foi reduzida.

Controle da hiperinsulinemia

Os altos níveis de insulina são a ligação entre a obesidade e o câncer colorretal. A insulina aumenta a captação de glicose nos tumores, impulsionando o seu crescimento. Também as drogas, ao reduzirem os níveis de insulina, retardaram o crescimento do tumor nos camundongos.

No estudo, foram utilizados medicamentos com mecanismos diferentes, e todos eles mostraram capacidade de retardar o crescimento do tumor com a redução da hiperinsulinemia. A reversão da hiperinsulinemia reverteu o efeito estimulante da dieta rica em gordura no desenvolvimento do tumor.

Os agentes utilizados agiram de maneira independente do peso. Esses dados não argumentam contra o efeito da obesidade no crescimento do tumor, pelo contrário. A obesidade induzida por dieta foi associada a uma maior carga tumoral em camundongos com dieta rica em gordura, mas sugerem que intervenções direcionadas à desregulação metabólica podem ser efetivas ainda que não alterem o apetite ou o peso corporal.

Estas considerações são de grande importância não apenas para os pacientes, mas também para os profissionais que atuam com pacientes oncológicos obesos.

Conclusão

Estudos realizados há mais de uma década já trouxeram dados alarmante, como, por exemplo, que, em 2050, a maioria dos americanos terá sobrepeso ou obesidade, ou que um em cada três americanos terá diabetes tipo 2. Também já se sabe que a obesidade está associada à patogênese de diversos tipos de câncer, entre eles o colorretal.

O fato da obesidade induzida por dieta ter promovido o crescimento tumoral em dois modelos de câncer colorretal, mas também que o efeito tenha sido revertido, levando à redução do crescimento do tumor quando a insulina circulante foi reduzida, são um importante indicativo de que novas pesquisas devem ser realizadas para confirmar se estas descobertas se aplicam a humanos, seja por meio de terapias redutoras de insulina ou até mesmo pela prática de atividade física.

Fonte: http://www.abeso.org.br